10 de fevereiroAutonomia até o último suspiro: cuidados paliativos se tornam alternativas cada vez mais comuns entre pacientes terminais

Psicóloga especialista em luto explica sobre cuidados paliativos e como a família pode lidar com um ente querido que escolheu viver a vida em vez de viver para tratar a doença

O diagnóstico de uma doença terminal geralmente vem acompanhado de exames, procedimentos invasivos, internações prolongadas e medicamentos que também carregam uma série de efeitos colaterais. Mas e se houvesse outra forma de encarar a natureza de uma doença incurável? A aceitação, a autonomia e a conservação do bem estar do paciente é a abordagem adotada pelos cuidados paliativos.

 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em vez de focar no combate incansável à doença, os cuidados paliativos focam no tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais, ou seja, um paciente que opta por esse tipo de tratamento escolhe viver a vida, não a doença.

 

Beatriz Mendes, psicóloga especialista em luto no cemitério e crematório Morada da Paz, já lidou com diversas famílias que procuravam organizar a despedida de entes queridos que ainda não partiram. Para a profissional, “falar sobre cuidados paliativos é falar sobre assistência à vida, não desistência dela. Trata-se de dar mais vida aos dias de alguém que convive com uma doença ameaçadora”, explica.

 

Derrubando tabus e crenças ultrapassadas sobre o tema, falar abertamente sobre a morte é a forma mais saudável de lidar com um momento tão delicado na história de uma família. Nesse contexto, decidir sobre o momento da despedida, do velório até o sepultamento ou cremação, pode fazer parte do processo de aceitação e de permitir a partida do ente querido, que pode inclusive optar por participar desse momento.

 

“Acredito que olhar para as demandas de finitude e rituais de despedida é uma conduta que auxilia na aceitação do processo da morte, e não precisa ser feita apenas diante de um momento de enfermidade. E dependendo de como o enfermo se sente diante disso, é possível resguardar o quanto for possível a possibilidade dela escolher participar ou não desse processo”, explica a psicóloga.

 

No fim, o que a especialista comprovou com estudos na área e anos de experiência atendendo famílias enlutadas, foi que o processo de aceitação da morte é diferente para cada indivíduo, mas que sempre existe uma forma saudável e menos danosa psicologicamente de lidar com a partida.