11 de fevereiroDia Mundial do Enfermo: entenda a importância dos cuidados paliativos


Data de origem religiosa celebrada em 11 de fevereiro alerta sobre a importância desses cuidados

Os cuidados paliativos são um conjunto de práticas que tem por objetivo proteger as pessoas do sofrimento trazido por doenças difíceis, que causam dores extremas e ameaçam a vida. O Dia do Enfermo, celebrado neste 11 de fevereiro, evidencia a importância desse tratamento que une diversas especialidades em prol do conforto e da dignidade de uma pessoa enferma e de seus familiares.

A Resolução 41 do Ministério da Saúde, publicada em 31 de outubro de 2018, considera elegível para cuidados paliativos toda pessoa afetada por uma doença que ameace a vida a partir do diagnóstico. Conforme o quadro clínico do paciente, o método poderá ser aplicado em hospitais e em casa, com acompanhamento profissional.

Em muitos casos, os cuidados paliativos poderão apontar para o fim da vida. A psicóloga do cemitério e crematório Morada da Paz, Beatriz Mendes, explica como esse entendimento pode auxiliar numa relação saudável com o momento. “Diante de um oferecimento precoce desses cuidados, a informação sobre a priorização dessa atenção e a proximidade do fim de vida podem sim ser vividos com tristeza e pesar, porém, o processo de cuidar e dar assistência aos familiares e paciente pode contribuir para uma vivência saudável desse processo – ainda que perpassado por dores e sentimentos difíceis. Sentir o pesar é natural diante do sentimento de amor envolvido”, afirma.

Esse momento pode ser dedicado à atenção para as últimas necessidades do paciente, como explica a psicóloga. “Além disso, pode viabilizar processos de elaboração da perda de modo antecipado e abrir margem para direcionamentos de cunho afetivo ou burocrático, como falar com algum familiar para resolver pendências e pensar diretivas para a manutenção da autonomia e qualidade de vida da pessoa enferma”, complementa.

Na prática
A geriatra Laís Abreu, que já integrou equipes de cuidados paliativos, conta como funciona na prática o método. “A assistência paliativa é por definição multiprofissional, ou seja, para realizar um controle de sintomas físicos, psicológicos, espirituais e sociais, necessitamos de uma equipe que tenha experiência nessa abordagem, para que o paciente e família sejam cuidados de forma integral”.

O cuidado com a doença perde a prioridade para o tratamento do sintoma. Ou seja, o foco dos cuidados paliativos é o alívio de sinais como dor, vômito, sintomas neurológicos, processo depressivo e não as doenças que trazem estes sinais. Sobre o momento para iniciar este acompanhamento, a geriatra diz que “deve ser indicado quando no contexto do adoecimento exista algum sintoma que não esteja bem controlado com a terapia modificadora de doença, a exemplo de quimioterapia, radioterapia, cirurgia, imunoterapia e medicamentos”.

Segundo Laís Abreu, esse tema ainda mostra muito preconceito e desinformação, o que cria estigmas e resistência. “Frases do tipo ‘não tem mais nada o que fazer’ e ‘fora de possibilidades terapêuticas’ deveriam sair do nosso vocabulário. Sempre há o que ser feito e há alternativas para amenizar o sofrimento humano. Uma das melhores formas de rompermos essas barreiras é justamente educar a população quanto a esse modelo de assistência, para que, no futuro, possamos garantir acessibilidade para qualquer indivíduo que esteja diante de uma doença ameaçadora a vida”, conclui.

A psicóloga Beatriz Mendes fala que questões que envolvem a finitude são pouco tematizadas na sociedade, por isso adiamos pensar e conversar sobre tal momento. “Apesar de desafiador, essa preparação pode ter benefícios. Pensar sobre a finitude pode ser um convite à apropriação da vida que pode ser vivida com qualidade e suporte até o fim, bem como possibilita ressignificações em relação à morte, contribuindo na construção de recursos de enfrentamento quando ela se fizer presente”, finaliza.